sábado, 5 de janeiro de 2008

O Paraná e Paranaguá

Paraná e Paranaguá

Paranaguá é a cidade mais velha do Paraná. Foi criada pela Carta Régia de 29 de julho de 1648, isto é 148 anos após o descobrimento do Brasil. Nessa época Paranaguá pertencia a São Paulo. A Província do Paraná foi criada pela Lei Imperial número 704 de 20 de agosto de 1853 que sancionou o chamado “Decreto Honório Hermeto”. Até então o Paraná era parte da Província de São Paulo, ou melhor da 5a Comarca de São Paulo. A Câmara de Vereadores de Paranaguá, então representando todo o Paraná tentava, há tempo, obter a independência do Paraná. Em 1811, Dom João VI recebeu uma comitiva da Câmara de Vereadores de Paranaguá para reivindicar e divulgar aspirações.

Até aqui só estamos falando de Paranaguá, a cidade que representava o Paraná. Eu gosto de chamá-la a “cidade-Paraná” cujos limites iam do mar até a ilha de Acaray (Acaraí), no rio Paraná, parte de Foz do Iguaçu, cujos documentos estão nas mãos da Marinha do Brasil. Eu não sei se devo torcer para que venham para as mãos de Foz algum dia. O que seria feito lá? Do outro lado da Ilha Acaray, fica a desembocadura do rio Acaray às margens da primeira área de habitações humanas em péssimas condições – curto e grosso, a primeira favela paraguaia. No lado brasileiro, fica a favela do Jardim Jupira, a primeira do Brasil que é vizinha da Vila B de Itaipu. Não me perguntem sobre quem exerce a real soberania nesta região. Mas aí é um limite não muito falado do Paraná. Paraná-Brasil.


Voltemos aos tempos antigos. Dizer que Paranaguá já tentava em 1813 ser município-capital autônomo de uma nova Província significa que o caminho para tornar paranaense toda o “fundão” do Paraná ainda estava muito distante. Isso porque a história da ocupação da região é mais antiga e isso nos leva a passar pelo “cruzamento” da Rota dos Tropeiros.

O Paraná, ainda paulista, começou no litoral e logo subiu a serra para chegar aos Campos de Curitiba e aos Campos Gerais. Era preciso ocupar os campos. Com gente? Não. Ainda não. Soltando boi e deixando que eles se perdessem nos campos. Assim eles se espalhariam, multiplicariam e garantiriam comida para futuras tentativas de colonização. De quebra, os donos dos bois, tinha desculpas para “requerer” terras para “sesmarias”, em outras palavras “terras”. A esses bois soltos, a esse vazio cheio de gado se chamou de “Criatórios de Animais”. Isso aconteceu por volta de 1600 quando Paranaguá ainda não era autônoma. Os animais “criados” puderam vagar livremente por pelo menos mais 100 anos. Em 1700 descobriram ouro em Minas. Portugal proibiu basicamente a distração dos trabalhadores. Não se podia criar gado em Minas. O gado para alimentar os garimpeiros e todas as outras bocas vinha do Rio Grande do Sul.

Assim nasceu uma rota do Uruguai e Rio Grande do Sul para Minas Gerais via Campos Gerais, Campos de Curitiba, Campos de Itapeva e Sorocaba (Por que você acha que na RMC há tanta cidade que começa com Campo? Campo Largo, Campo Magro, Campo Bonito, Campo do Tenente? Para ver mais sobre este assunto veja meu blog sobre a Rota dos Tropeiros – um esforço de criar um “produto turístico integrado” dos municípios que começaram como “Pouso” de “Tropas” – e tropas aqui não se refere a tropas militares mas sim a tropas de bois, cavalos e mulas tocados por “tropeiros”.

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